/// DOS AMIGOS E DA ILHA ENCANTADA


- Mas são apenas quatro dias! - disse-me ela, com aquele seu charme encantador.
- Pois são, mas vão-me saber a férias de Verão!

Foi assim que me despedi, na sexta-feira ao início da noite, chuvosa como pede Abril. Chegámos já depois da hora do jantar, a noite estava estranhamente fria, e a estrada toda alagada. Não interessava. Nada nos tira da cabeça a ida, quando sabemos o que nos espera. Repetimos este ritual há dez anos, quando apenas eu conduzia. Vamos no Inverno, na Primavera e no Verão. Vamos sempre que podemos. As pessoas foram chegando, os dias foram melhorando, e o companheirismo alastrando-se, até por aqueles que vieram pela primeira vez. Há sempre uma primeira vez e quase todos nós nos lembramos dela como uma marca no nosso corpo que não estava lá antes. Dizemos que era mais bonita quando ainda tinha a vinha, o poço e o pedaço da ribeira. Que era mais completa quando garantia a passagem para uma outra, ainda mais antiga, por entre um caminho coberto de caruma. Que já esteve em melhores condições e que a decoração está um pouco fora de moda. Mas certo é que, quando estamos a fechá-la de novo, dizemos sempre que não queríamos ir embora, que temos de voltar depressa. Que esta é a nossa ilha.

Fotografias de TTC, modificadas. Todos os direitos reservados.

1 comentário:

Carolina Bernardo disse...

A fotografia com os cães está brutal!!!!!