/// PARIS, J'AIME TES COULEURS


Aterro já um pouco atrasado para a reunião. Mais uma ida à cidade da luz, mais uma correria. Do tipo, mais uma voltinha mais uma alegria, só que ao contrário. Apanho o comboio para o centro da cidade. Só quando finalmente me sento é que me apercebo das pessoas à minha volta. À minha frente, um rapaz bem parecido que lê o 'Ensaio sobre a cegueira', em espanhol. À minha direita, uma mulher de raça negra que mais parecia a mãe da Janelle Monáe. Lá mais para o fundo da carruagem, os risos abafados de duas adolescentes alemãs, excitadas com a súbita sensação de liberdade. Quando saio na Gare du Nord, sou interpelado por um grupo de 15 japoneses ( ou seriam 20 coreanos?!) que, num francês ainda mais macarrónico que o meu, me perguntam se já estão em Paris. Pretos, brancos, árabes e indianos. Ciganos, mouros, puros e cruzados. Chego finalmente à reunião e, em vez de um covil de lobo em que pensava me ir enfiar, encontro um atelier colorido, com uma equipa colorida, uma rua colorida. Almocei num restaurante encarnado, da cor do sangue e volto finalmente para o aeroporto.

Escrevo este texto no momento em que parei por fim, vencido pelo cansaço. O conceito de 'cidade das luzes' não me tem feito muito sentido nestas apressadas visitas de médico : da primeira vez aterrei com o pôr-do-sol e regressei com o primeiro raio de luz e, desta vez, a cacimba persistia nas caras taciturnas da cidade. Mas Paris é, mais do que nunca, a cidade as cores. ou não fosse ela a única cidade do mundo com uma Boulevard de Magenta.

Fotografias de TTC, modificadas. Todos os direitos reservados.

2 comentários:

Anónimo disse...

raça negra é coisa que não existe.

TTC disse...

Peço desculpa anónimo. Como deve ter percebido não apenas por este artigo, mas sobretudo por todas a filosofia deste blogue, os conteúdos são tudo menos racistas. Nem sequer vamos entrar por aí.

Raça negra é uma coisa que não só existe, como todas as pessoas de raça negra que conheço se orgulham profundamente. Dentro da raça negra existem muitas variedades, tal como da caucasiana, ou outra qualquer.

Apenas para terminar, gostava muito que, quando fizessem comentários deste e doutros tipos, se identificassem. Mais vale sermos todos honestos.