ACCESSORIES No.3

/// EU APRENDI A VER AS HORAS NUM FLIK FLAK

Podia ser um grupo no Facebook, daqueles que achamos piada e até aceitamos fazer parte. Podia, mas não é.

O primeiro Flik Flak que tive era exactamente como este, com a bracelete de nylon encarnado e o mostrador azul e amarelo. Lembro-me de pedi-lo numa lista que fiz ao Pai Natal no início de Dezembro, e de ficar o resto do mês a portar-me o melhor que sabia, esperando que o senhor barbudo reparasse no meu bom comportamento.

Quando o recebi na noite de Natal, fiquei tão excitado que quis exibi-lo logo no braço. Obrigaram-me a pô-lo no braço esquerdo, o braço onde os adultos usam o relógio. Mas não me dava jeito e, tal como muitos canhotos que conheço, decidi logo nesse dia que usaria os meus relógios no pulso direito.

Mal o pus fui mostrar à minha família o presente magnífico que tinha recebido, que de resto se tornou um motivo de embaraço, no preciso momento em que o meu tio resolveu fazer a pergunta da praxe: "Então que horas são?". Tinha-me esquecido que ainda não sabia ver as horas. E, devo acrescentar, foi um processo complicado até perceber que o maior dava a medida menor e que o ponteiro menor, mais vagaroso, dava a medida maior.

Depois disso, e quando comecei a achar que azul era a minha nova cor, tive um todo azul. Por essa altura a minha irmã recebeu um igual, mas cor-de-rosa.

A verdade é que quando decidi fazer um post sobre o Flik Flak, comecei a sondar os meus amigos mais próximos se ainda se lembravam em que relógio tinham aprendido a ver as horas. A resposta foi quase sempre imediata: "Num Flik Flak". Mais tarde o meu irmão também teve o seu momento com o pacotinho pequenino que fazia tique-taque.

Não sei se, com tanta tecnologia, os miúdos de hoje ainda aprendem a ver as horas como nós viamos quando éramos miúdos nesses idos anos 80. Mas a verdade é que, quem começou com um Flik Flak, jamais se esqueceu da altura em que aqueles ponteiros com o Flik e o Flak começaram finalmente a fazer sentido.

A propósito disso fui investigar se seria possível comprar braceletes de nylon para modificar alguns relógios cinzentões e meio sem graça que fui recebendo ou comprando ao longo da vida. E foi então que me deparei com a londrina Smart Turn Out, que além de relógios, também vende as braceletes a vulso.

Não podemos voltar aquela altura da vida em que anseávamos pelo momento em que nos perguntavam as horas, apenas para termos o prazer de olhar para o Flik Flak e dizer (ou inventar). Mas podemos sempre voltar a ter momentos especiais, nem que seja na escolha da bracelete.


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